Importante observar que, na parte referente à aviação, há um subitem específico para o setor EMS de helicópteros (HEMS) dada a preocupação que os elevados índices de acidentes têm causado naquele país, tanto com setor privado como com o setor público. No ano de 2008 foram 29 mortes decorrentes de acidentes em missões HEMS.
De acordo com dados apontados no documento, anualmente, os Estados Unidos usam 750 helicópteros para transportar 400.000 pacientes e/ou órgãos para transplantes.
No subitem referente aos voos de helicópteros em missões EMS (HEMS), quatro problemas principais são atacados:
- Sempre que houver equipe médica a bordo, a condução do voo deverá ocorrer sob normas mais restritivas;
- Desenvolver e implementar programas de avaliação e gerenciamento do risco;
- Requerer despacho formal do helicóptero para missões EMS, incluindo consulta meteorológica;
- Requerer uso de equipamentos de alerta situacional de relevo (HTAWS).
Apesar de serem esses os que integram a lista dos mais desejados, uma tradução livre de "Most Wanted List", existem ainda outras medidas que constam na Recomendação de Segurança emitida pelo NTSB ao FAA, órgão análogo à ANAC, no final de setembro de 2008. Veja abaixo:
- melhoria dos programas de treinamento de pilotos (incluindo treinamento em simulador baseado em cenários reais);
- uso de sistemas de visão noturna;
- melhoria da infra-estrutura em solo para facilitar a transição de voos VFR para IFR, inclusive incluindo aproximações IFR para hospitais;
- adoção de tripulação composta por piloto e copiloto para aeronaves não dotadas de piloto automático;
- instalação de dispositivos de gravação de dados de voo.
Nota-se que dentre as medidas, existem aquelas que dificilmente seriam implementadas em nosso país a curto e médio prazo, dado que alguns hospitais sequer têm helipontos, e que aproximações IFR não são rotina, ainda que para aeródromos desprovidos de órgão ATC que tenham relativa frequência de uso. Entretanto, gerenciamento de risco, treinamento em simuladores e instalação de determinados equipamentos, já são ou podem ser aplicados com maior facilidade (ou "menos dificuldade") em nossa operação.
Isoladamente, medidas que requeiram custos maiores são mais difíceis de serem aplicadas. Enviar pilotos ao exterior para treinamento em simulador e modenizar aviônicos de aeronaves que já operam "bem", são paradigmas que precisamos quebrar, muitas vezes internamente na Administração, outras junto ao próprio fabricante do modelo.
É preciso seguir buscando cumprir nossa missão, difícil e recompensadora, mas sempre com foco na segurança operacional, que envolve medidas simples e também complexas ligadas à moderna tecnologia. Infelizmente, no passado recente, diversos operadores de segurança pública no país têm enfrentado o pesadelo do acidente. Aprendamos pois, com o erro dos outros, pois com o nosso próprio é severamente pior.
Ciente de que o assunto não se esgota nestas breves e resumidas palavras, seguem o links do NTSB (arquivos em língua inglesa) para aprofundamento.
- página do NTSB para voo EMS de helicópteros: http://www.ntsb.gov/aviation/HEMS-links.htm;
- Most Wanted List 2009-2010: http://www.ntsb.gov/Recs/mostwanted/index.htm.
Sigamos fomentando e caminhando para o uso da tecnologia em favor da segurança operacional, da segurança pública, da segurança de voltar a salvo pra casa após um intenso dia de trabalho.
Grande Abraço.
Flávio PORTELA - Maj CBMDF (FNSP)
"A ajuda virá do céu!"
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