sábado, 10 de setembro de 2011

Helicóptero Resgate 02 atua em acidente grave na BR040


     Resgate 02 e 03 participaram do desfile cívico militar de 7 de setembro.

     Ao retornar à base, ainda durante o debriefing da missão anterior, o Resgate 02 foi acionado pelas equipes do CBMDF e SAMU. Foi solicitado suporte a um capotamento de caminhão “caçamba” com vítima presa nas “ferragens”, na BR-040, sentido Valparaíso-GO.

     A aeronave decolou às 10h50 para onde o caminhão havia tombado numa curva. O teto da cabine ficou amassado, com o motorista prensado pela nuca (com o queixo colado no peito), o quadril (cintura) travado pelo volante, membros inferiores (pernas) comprimidos sob o painel e o braço esquerdo preso na janela debaixo (o veículo tombou para o lado do motorista). Foi necessário um trator para puxar o caminhão e abrir espaço entre o teto e o canteiro lateral da pista (que era alto). De outro modo, não haveria como acessar a vítima. 

     Avaliado pelas equipes do CBMDF e SAMU em solo, a vítima já estava com oxigênio, acesso venoso calibroso e o trabalho de corte da cabine já estava adiantado quando a equipe do resgate 02 aterrisou. Ele estava torporoso (quase inconsciente, mas com os olhos ainda abertos) e com a respiração ruim pela flexão do pescoço (cabeça dobrada). O oxímetro de pulso mostrava oxigênio baixo no sangue (SO2 = 85%, normal acima de 90%), apesar da máscara de oxigênio colocada pelos socorristas. 

     Na posição em que o paciente se encontrava, abrir o teto da cabine poderia comprimir mais seu braço esquerdo, comprometendo o resgate. O corte foi direcionado para o volante do veículo, até liberação do quadril. Com isso, foi possível realizar extensão da cabeça (esticar a cabeça e voltar para a posição normal) e soltar o braço preso na janela. O paciente foi mantido alinhado até aplicação do colar cervical e colocação do colete de imobilização (KED – Kendric Extrication Device). Com a melhora da respiração, a saturação de oxigênio do sangue (a quantidade de oxigênio no sangue) subiu para 97%. 

Com o quadril solto do volante e o paciente imobilizado, foi completada a abertura do teto, o que possibilitou a colocação da prancha rígida e liberação das pernas presas entre o assento e o painel. Foi necessário cortar a espuma do banco do motorista, para que as pernas pudessem ser retiradas. 


     Todo o trabalho de retirada do paciente levou mais de uma hora, o que exigiu grande esforço de toda a equipe presente na cena. Como a pista ficou interditada para o trabalho de resgate e pouso da aeronave, houve um grande congestionamento na região. 

     O paciente foi então embarcado na UTE, exposto e avaliado quanto a possibilidade de lesão medular (trauma raquimedular – TRM), mas tinha os movimentos e a sensibilidade mantidas nos membros inferiores. Também não tinha sinais de fratura nos braços e nas pernas, apesar da gravidade do acidente. Foi obtido outro acesso venoso calibroso, antes de transferir o paciente da ambulância para o helicóptero Resgate 02. 

     Durante o transporte aéreo, o paciente permaneceu estável, pois tinha recebido volume no local (soro na veia) e oxigênio contínuo. Ao chegar ao Hospital de Base, o paciente foi recebido pela equipe de trauma, já notificada por rádio e aguardando no heliponto. Ao adentrar à sala de trauma, foi monitorizado e avaliado pelos médicos imediatamente. Estava aparentemente fora de perigo. 


     Mas uma vez, a excelente integração e cooperação entre as equipes de atendimento pré-hospitalar em solo, resgate aéreo e sala de trauma, proporcionou um padrão de atendimento de primeiro mundo, seguindo protocolos internacionais e utilizando de recursos extraordinários (suporte avançado aerotransportado) bem indicados. A avaliação e decisões corretas foram decisivas para o sucesso do resgate. 

     O paciente foi atendido de forma digna e profissional. Apesar de não parecer portar lesões graves, o desfecho poderia ter sido diferente caso o motorista continuasse com dificuldade de respirar. As equipes do CBMDF e SAMU mostraram dedicação ao trabalhar sob o sol forte e calor intenso, até o limite da exaustão, para que o paciente pudesse ser retirado e atendido da melhor maneira. 

Relato do atendimento a ocorrência do dia 07 de setembro de 2011, por TEN BM MÉD Villela.

3 comentários:

  1. Garbo e elegância no desfile da pátria;
    Utilidade e certeza na rotina do Distrito Federal.
    VOAR, PAIRAR, SALVAR!

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  2. Só quem está lá na ponta do socorro é que sabe as múltiplas dificuldades de um resgate como esse.
    O atendimento pré-hospitalar consiste num trabalho anônimo e silencioso que resulta na diminuição do sofrimento de muita gente, seja pela diminuição das sequelas ou por uma vida salva. Eu realmente mudei muito minha visão sobre o significado dessa missão depois que passei a participar dessa laboriosa atividade.
    E assim vamos vivendo a vida, sabendo que um dia, se precisarmos, A AJUDA VIRÁ DO CÉU.

    Jordano.

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  3. Ações integradas como esta, envolvendo vários setores e diversos especialistas da Corporação demonstram o verdadeiro sentido da palavra "corpo". Somos um único organismo com diversas células que trabalham em conjunto, cada grupo na sua especialidade, buscando um objetivo comum, vidas alheias e riquezas salvar.
    A integração dos vários órgãos da segurança pública e da saúde só trará benefícios à sociedade.
    Parabéns a toda a equipe pelo profissionalismo e efetividade no atendimento e ao Tenente Villela pelo relato claro e preciso.
    Cel BM Loureiro

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