FOTOS: RAPHAEL RIBEIRO (Jornal de Brasília) |
O CBMDF realizou uma operação conjunta com o Corpo de Bombeiros Militar de São Paulo e a Aeronáutica, para realizar o transporte de um coração que foi transplantado em um paciente no Instituto de Cardiologia do Distrito Federal - ICDF. (CBMDF)
Menina de13 anos recebeu o coração de garoto vítima de arma de fogo
Por: Leandro Cipriano - Jornal de Brasília
Uma menina de 13 anos, moradora de Aparecida de Goiânia (GO), é a oitava pessoa submetida a um transplante de coração este ano no Instituto Cardiológico do Distrito Federal (ICDF), antigo Incor. A garota foi incluída na fila de espera para um novo coração no dia 21 de março deste ano, e conseguiu ser atendida em menos de um mês. A espera por um transplante dessa gravidade pode durar mais de um ano.
O órgão chegou de São Paulo às 15h37 de ontem. A cirurgia começou pouco antes das 16h e foi concluída por volta das 20h. Segundo os médicos do instituto, a operação foi um sucesso. A garota sofria de miocardiopatia restritiva – uma rigidez das paredes ventriculares, que restringe o coração de estender-se e encher-se. Ela recebeu o órgão de um menino de 14 anos, de Taboão da Serra (SP). Ele faleceu no Hospital Geral de Pirajuçara, vítima de um tiro de arma de fogo no crânio.
LOGÍSTICA
Núbia diz que a integração das doações feitas entre
os estados contribuiu para a rapidez do transplante
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De acordo com a diretora clínica do ICDF, Núbia Welerson Vieira, uma integração das doações feitas entre os estados contribuiu para a rapidez do transplante. “Nós já temos uma integração e uma logística tão boas de busca de órgãos em outros estados que facilita fazer o transplante dos pacientes que entram na fila de receptor. Então, eles não dependerão apenas dos doadores de Brasília, como era antes”, explica.
Na avaliação da coordenadora clínica de Transplante Cardíaco Pediátrico do ICDF, Cristina Afiune, a menina não teria sobrevivido a uma espera maior que um ano. Ela fazia tratamento contínuo, mas a miocardiopatia se agravava a cada ano. Houve uma piora no quadro clínico nos últimos meses, e a única solução seria o transplante.
“Ela mostrou estar muito contente com a doação. Desde os quatro anos, ela apresentava uma piora progressiva da miocardiopatia. Não podia sequer ir à escola. Nenhuma das medicações aplicadas resolvia o problema”, informa Afiune.
Para que a jovem de 13 anos conseguisse receber o coração vindo de São Paulo, foi necessária uma mobilização em conjunto de várias entidades diferentes, incluindo o Corpo de Bombeiros do DF, Força Aérea Brasileira (FAB), o Ministério da Saúde e a Central de Captação de Órgãos da Secretaria de Saúde.
“A gente percebe com muita nitidez a sincronia de vários órgãos totalmente autônomos e independentes, tudo com o objetivo de salvar uma vida”, contou o tenente-coronel Cleon José Silva Junior, do Corpo de Bombeiros do DF.
A movimentação para conseguir o coração começou depois da 5h de ontem, quando o menino faleceu. A equipe médica do ICDF recebeu a informação de que havia um doador em São Paulo, e partiu para a captação do órgão em um voo comercial, por volta das 7h. Devido à urgência da situação, a empresa não realizou o check-in dos profissionais.
Os médicos do Hospital Geral de Pirajuçara mantiveram o paciente ligado às máquinas, para preservar o coração do doador. Às 13h56, a equipe do ICDF já tinha recolhido o órgão e embarcado em um helicóptero de volta para a Base Aérea de São Paulo, para então retornarem à capital federal. Assim que chegou na Base Aérea de Brasília, com apoio da Aeronáutica, o coração seguiu em um helicóptero do Corpo de Bombeiros para o instituto.
TEMPO CURTO
“É uma luta contra o tempo, principalmente quando a oferta de doador não é em Brasília. Temos quatro horas depois da retirada do coração para ele estar no nosso receptor”, comentou Núbia Vieira.
Enquanto isso, os pais da menina foram avisados pelo instituto às 7h, para que pudessem se preparar e percorrer o caminho de Aparecida de Goiânia até Brasília. O pai da menina, segundo Núbia, teria optado por levar todos de táxi, para evitar qualquer congestionamento, uma vez que os taxistas também podem usar o corredor de ônibus.
Em torno das 10h a família já estava no ICDF, com a menina sendo preparada para cirurgia. A apreensão dos pais era perceptível, até receberam a notícia de que a operação foi um sucesso. No momento, ela está em acompanhamento na UTI do instituto, sem prazo para o número de dias que precisará ficar em observação.
Reportagem da Rede Record
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