Para a transferência, a equipe da Base Resgate embarcou a incubadora própria do serviço aéreo e separou o material específico para pacientes pediátricos, que já faz parte do “arsenal”: manguito de pressão não-invasiva (aparelho de pressão) tamanho neonatal; oxímetro com probe (sensor) infantil; monitor cardíaco; laringoscópio com lâmina reta 0 e 1; tubo traqueal tamanhos 2,5, 3 e 3,5; além das bombas de infusão portáteis para administração de soro na quantidade exata. As medicações de urgência também são parte da rotina dos atendimentos.
Antes de partir para Formosa, foi necessário pousar no hospital destino para buscar um “capacete concentrador de oxigênio” (Hood). É dispositivo relativamente simples, porém disponível apenas em serviços especializados, como berçários e UTI neonatal.
Após cerca de 25 minutos de vôo noturno, o material foi desembarcado e levado até a pediatria do hospital, para evitar a exposição da paciente ao trocar de incubadora. As equipes do hospital e do resgate ajustaram os equipamentos junto com os pediatras, para manter as mesmas condições do hospital dentro da aeronave. Foi solicitado a equipe do hospital proteger o ouvido da criança, pelo ruído intenso do helicóptero.
A paciente foi transportada sob CPAP, pois ainda apresentava algum grau de cianose (extremidades arroxeadas) e queda da saturação ao ser deixada em ventilação espontânea (respiração sem resistência a saída do ar dos pulmões), mesmo com oxigênio.
Em transporte sem intercorrências, manteve saturação de oxigênio acima de 97%, com frequências cardíaca e respiratória adequadas. Foi deixada aos cuidados da equipe da UTI neonatal, onde há mais recursos para sua recuperação.
O transporte de recém-nascidos é um trabalho extremamente delicado, que exige experiência e recursos específicos. A decisão de transportar foi tomada em conjunto com os pediatras de Formosa e Brasília. Como não havia UTI neonatal em Formosa (apenas berçário com alguns equipamentos) e a criança não era extremamente prematura, foi optado pela a transferência.
A versatilidade de recursos do serviço aéreo também contribuiu para a execução da missão. Em geral, pediatras intensivistas acompanham os pacientes nestes transportes, mas o Grupamento de Aviação Operacional do CBMDF tem médicos em seus quadros com experiência em anestesias para recém-nascidos. Sob orientação dos pediatras, a equipe tem condições de atuar em casos selecionados.
Voar, pairar, salvar!
Relato do atendimento de 31 de março de 2012.
Por 1º Ten Médico Villela.
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